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"Quilombos no Brasil: Presença, Cultura e Números"

Documentário:

SOLO NEGRO

Solo Negro retrata o cotidiano dos moradores de duas comunidades quilombolas
situadas no município de Portalegre, na Região do Alto Oeste potiguar.

Descrição:

O documentário Solo Negro é um registro potente das memórias passadas, presentes e futuras dos
descendentes de povos africanos escravizados no nordeste brasileiro. A obra destaca a vivência e os desafios
enfrentados por universitários quilombolas, desde suas raízes nas comunidades até o ingresso no
ensino superior.

Dividido em seis partes, o filme percorre temas essenciais:

  • Cicatrizes de negros: as marcas históricas e as dificuldades enfrentadas pelas comunidades quilombolas;
  • Amargo preconceito: a permanência do racismo estrutural e suas manifestações;
  • Força e fé: o papel da cultura e da religiosidade, como a Dança de São Gonçalo, na resistência;
  • Trabalho de preto: a luta por dignidade por meio do trabalho dentro das comunidades;
  • Caminho lento: os obstáculos enfrentados pela juventude quilombola para acessar direitos básicos;
  • Novo destino: as transformações provocadas pela entrada dos jovens quilombolas na universidade.

COMUNIDADES QUILOMBOLAS NO BRASIL

Ampulheta

LINHA DO TEMPO

História dos Quilombos no Brasil

XVII
Quilombo dos Palmares

Início da formação dos quilombos

Os primeiros quilombos surgem no Brasil colonial, como refúgio para pessoas escravizadas que fugiam das fazendas. Os quilombos eram comunidades autônomas que resistiam ao sistema escravocrata, muitas vezes formadas em áreas de difícil acesso (matas, serras, etc.).

1605

Primeiros registros do Quilombo dos Palmares (AL)

Um dos maiores e mais emblemáticos quilombos da América Latina. Localizado na Serra da Barriga, em Alagoas, chegou a reunir cerca de 20 mil pessoas. Palmares teve organização social, militar e econômica própria.

1694

Destruição do Quilombo dos Palmares

Após diversas expedições militares, Palmares foi destruído pelas tropas do bandeirante Domingos Jorge Velho. Zumbi, o maior símbolo da resistência negra, foi morto em 1695. Apesar disso, outros quilombos continuaram a existir pelo país.

XVIII e XIX

Quilombos se espalham por todo o Brasil

Diversas comunidades quilombolas são fundadas, especialmente em regiões como Maranhão, Bahia, Pará, Goiás e Minas Gerais. Algumas resistem por décadas à perseguição.

1888
Abolição da Escravidão

Abolição da escravidão (Lei Áurea)

A assinatura da Lei Áurea extingue oficialmente a escravidão. No entanto, os negros libertos foram deixados sem apoio, e muitos quilombos continuaram como alternativa de moradia e sobrevivência.

1988
a

Constituição reconhece direitos dos quilombolasa

Pela primeira vez, o Brasil reconhece o direito à terra das comunidades quilombolas (Art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal). Assegura a posse definitiva das terras tradicionalmente ocupadas.

2004

Criação do Programa Brasil Quilombola

Lançado pelo Governo Federal para desenvolver ações específicas em áreas como moradia, saúde, educação e regularização fundiária para quilombolas.

2011
a

Reconhecimento de territórios cresce

Avanços na titulação de territórios quilombolas por meio do INCRA. Ainda assim, o processo continua lento e enfrenta entraves políticos e fundiários.

2022

Quilombolas entram oficialmente no Censo do IBGE

Pela primeira vez na história, o Censo Demográfico 2022, realizado pelo IBGE, incluiu dados específicos sobre a população quilombola. Segundo o Censo, 1.330.186 pessoas se identificaram como quilombolas. Esses dados permitem políticas públicas mais eficazes.

Hoje
a

Quilombolas seguem lutando por direitos

Existem mais de 3.500 comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares. A luta por titulação de terras, acesso à saúde, educação, água potável e internet ainda é uma realidade. Os quilombos continuam sendo espaços de resistência, cultura e ancestralidade afro-brasileira.

DADOS E ESTATÍSTICAS

Primeiro Censo Quilombola pelo IBGE

  • O Censo Demográfico 2022 do IBGE identificou a população quilombola por autodeclaração.
  • A população quilombola no Brasil é de aproximadamente 1.330.186 pessoas, representando
    0,66% da população total, distribuídas por 1.700 municípios, em 24 estados e no Distrito
    Federal.

Distribuição Espacial da População Quilombola no Brasil (Censo 2022 – IBGE)

  • Segundo o Censo Demográfico 2022 (IBGE), o Brasil possui 1.330.186 pessoas quilombolas, representando 0,66% da população total.
  • Essa população está presente em:
    • 1.696 municípios;
    • 24 estados e no Distrito Federal.
  • A maior concentração de quilombolas está nas regiões Nordeste e Norte do país.
  • Os estados com maior número de pessoas quilombolas são:
    • Bahia (397 mil);
    • Maranhão (269 mil);
    • Minas Gerais (135 mil);
    • Pará (135 mil).
  • Mais da metade dos quilombolas (68,2%) vive fora dos territórios oficialmente delimitados.

Gráfico: Distribuição percentual das pessoas quilombolas, por grupos
de idade, segundo localização do domicílio

O Censo 2022 visitou as localidades quilombolas...

  • dos Territórios Quilombolas oficialmente delimitados;
  • dos agrupamentos quilombolas identificados pelo IBGE;
  • de outras áreas de interesse censitário, associadas a localidades quilombolas de ocupação dispersa.

Gráfico: Distribuição percentual das pessoas quilombolas, por sexo e localização do domicílio, segundo grupos de idade

Esse gráfico em pirâmide etária mostra que a população quilombola tem base larga, indicando predominância de crianças e jovens, e topo estreito, refletindo menor proporção de idosos.

A distribuição entre homens e mulheres é equilibrada na maioria dos grupos etários, mas com leve predominância feminina nas idades mais avançadas. Observa-se também que, em quase todas as faixas etárias, a maioria está fora dos territórios quilombolas, embora haja presença significativa dentro deles, especialmente nas idades iniciais. Isso sugere migração de parte da população jovem e adulta para fora dos territórios, possivelmente em busca de estudo, trabalho e melhores condições de vida.

Saneamento nos Territórios Quilombolas (Censo 2022)

  • Precariedade geral:
    • 90,02% vivem com alguma forma de precariedade no saneamento (água, esgoto ou lixo).
  • Abastecimento de água:
    • 63,00% têm como principal fonte rede geral, poço, fonte, nascente ou mina com canalização.
    • 33,61% usam rede geral de distribuição.
    • 31,85% usam poço profundo ou artesiano.
  • Encanamento:
    • 66,71% têm água encanada até dentro da casa.
    • 18,21% não possuem água encanada.
  • Banheiros e sanitários:
    • 24,77% não têm banheiro exclusivo no domicílio.
    • 12,99% têm apenas sanitário ou buraco no terreno.
    • 6,24% não têm nenhum banheiro ou sanitário.

Alfabetização das Pessoas Quilombolas (Censo 2022)

  • População quilombola (15 anos ou mais):
    • 1.015.034 pessoas no total.
  • Alfabetizadas:
    • 81,01% → 822.319 pessoas.
  • Analfabetas:
    • 18,99% → 192.715 pessoas.
  • Dentro dos territórios oficialmente delimitados:
    • Taxa de alfabetização: 80,25% (inferior à média quilombola e à média nacional de 93,0%).
  • Por gênero:
    • Mulheres: 82,89% alfabetizadas.
    • Homens: 79,11% alfabetizados.
  • Por Grandes Regiões:
    • Mais altas:
      • Sul: 89,96%.
      • Norte: 87,45%.
      • Centro-Oeste: 86,56%.
    • Mais baixas:
      • Nordeste: 78,40%.
      • Sudeste: 85,32%.