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"A memória de um povo é seu maior patrimônio!"

"Agradecemos ao Prof. Eliaquim pelo incentivo a uma
abordagem criativa e crítica da cultura. Este projeto
nos fez reconhecer o valor das memórias que resistem."

PATRIMÔNIO CULTURAL

PATRIMÔNIO CULTURAL

O que é Patrimônio Cultural?

"Patrimônio é tudo aquilo que faz parte da vida de um povo,
que ajuda a explicar o seu modo de ser."

- Mário de Andrade
(escritor e idealizador da preservação cultural no Brasil)

Segundo o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Patrimônio Cultural é todo bem, prática, manifestação ou objeto que tem valor para a identidade, a memória e a história de um povo ou grupo social. Ele representa as formas de viver, expressar e se organizar socialmente, transmitidas de geração em geração.

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL

E sua relação com as Comunidades Quilombolas

"Uma boa árvore é aquela que se lembra da semente que a gerou."

Provérbio Africano

A cultura quilombola é um patrimônio vivo que se expressa não em monumentos, mas em práticas cotidianas, saberes ancestrais e modos de viver transmitidos oralmente de geração em geração.

Conforme destaca o artigo "A Proteção do Patrimônio Cultural Imaterial das Comunidades Quilombolas", reconhecer esse patrimônio exige mais do que catalogar tradições: demanda respeitar a autonomia cultural e a memória coletiva dessas comunidades como sujeitos históricos.

A Constituição Federal de 1988 e Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (UNESCO, 2003) reforçam que a proteção deve ir além do registro - ela deve garantir a continuidade das práticas, línguas, festas, ofícios, modos de cura e espiritualidade que integram a identidade quilombola

Assim, preservar o patrimônio imaterial das comunidades quilombolas do RN é também preservar suas lutas, resistências e a profunda conexão com a terra e com os ancestrais.

Neste vídeo, a tradição se move em ritmo e corpo. A Dança Marajoara é expressão viva da memória coletiva, dos saberes ancestrais e da força cultural dos quilombos.
Cada passo ecoa a resistência, a identidade e a espiritualidade do povo quilombola de Barro Alto.

Quilombos (EP.005) – Podcast Menos um Trouxa

Com mediação do professor Eliaquim Timóteo, este episódio traz reflexões sobre a origem,
resistência e a atualidade dos quilombos no Brasil. Uma conversa necessária
sobre território, identidade e memória coletiva.

QUILOMBO

No ordenamento jurídico brasileiro, território quilombola é a área de ocupação tradicional de uma comunidade formada por descendentes de africanos escravizados que mantêm vínculos históricos, culturais, religiosos, econômicos e de parentesco com esse espaço.

A Constituição Federal de 1988, por meio do Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, reconheceu o direito de propriedade definitiva aos remanescentes de comunidades quilombolas, estabelecendo que o Estado tem a obrigação de emitir os respectivos títulos de posse coletiva. Trata-se de um direito inalienável, imprescritível e indivisível, que reforça o caráter coletivo e ancestral da relação com a terra.

Reconhecimento das Terras Quilombolas

Esse reconhecimento vai além do jurídico: como aponta o verbete Quilombo do Dicionário do IPHAN, o uso contemporâneo da palavra se ampliou por força dos movimentos sociais negros e quilombolas, que ressignificaram o termo como expressão de identidade étnica, resistência e pertencimento. O quilombo, hoje, não é um vestígio arqueológico isolado ou uma categoria congelada no tempo — é um modo de vida dinâmico, um território vivo onde a cultura afro-brasileira se recria diariamente.

Essa ressemantização antropológica do termo mostra que os quilombos não podem ser compreendidos apenas por ruínas ou documentos históricos, mas devem ser reconhecidos a partir das práticas cotidianas de resistência, da territorialidade e da produção cultural imaterial, como o jongo, o batuque, a oralidade e os saberes ancestrais. Por isso, o território é o chão que sustenta não só a vida, mas a memória, o direito e a cultura.

Ritos e Espiritualidade

Práticas de matriz africana, rezas, benzimentos e ancestralidade viva.

Festas Tradicionais

Celebrações como o Batuque, Jongo, Festa de São Benedito e Maracatu.

Culinária Quilombola

Receitas com mandioca, milho, feijão, peixe, galinha caipira e frutos da terra.

Cantos e Danças

Expressões culturais como a Dança Marajoara, o Samba de Roda e o Coco.

Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo, foi mais que um lavrador, poeta ou ativista: foi e continua sendo uma das vozes mais potentes do pensamento quilombola no Brasil. Nascido em 1959, no interior do Piauí, e forjado pelos saberes da oralidade e da terra, construiu uma trajetória de resistência intelectual que não se curvou à lógica colonial do saber acadêmico.

Morador do Quilombo Saco-Curtume, Nêgo Bispo foi formado por mestres e mestras de ofício, guardiões da sabedoria ancestral de seu povo. Tradutor da memória coletiva em palavras, ele escrevia cartas, falava por muitos e escrevia por todos — sempre com a alma voltada para a comunidade.

Sua obra e sua fala ensinam que há outras formas de existir, conviver e aprender. Ao propor a contracolonização dos saberes, nos lembra que os quilombos não são apenas lugares de passado e dor, mas também de futuro e criação, onde o saber não se acumula, mas se compartilha. Nêgo Bispo recusava o título de “intelectual” e se definia como relator de pensamentos e sabedorias. Sua voz ecoa nas lutas por terra, cultura, identidade e justiça. Sua existência, pensamento e poesia são sementes plantadas em solo fértil — que seguem germinando nas comunidades, nos movimentos, nas universidades e agora, aqui, neste site.

Vida, Memória e Aprendizado Quilombola

Após conhecer um pouco sobre a trajetória de Nêgo Bispo, convidamos você a ouvir suas próprias palavras. No vídeo "Nêgo Bispo: vida, memória e aprendizado quilombola", o pensador compartilha reflexões profundas sobre a importância do saber e da memória ancestral nas comunidades quilombolas, diferenciando esse conhecimento da lógica de mercantilização. Ele também apresenta conceitos como transfluências — os modos de nos mover — e confluências cosmológicas — as formas de nos comunicar —, revelando a riqueza das relações, sentidos e linguagens orgânicas que permeiam as comunidades politeístas.